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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Orelhas e cauda: Por que cortar?

O Conselho Federal de Medicina veterinária proibiu o corte de orelhas e recomenda que não se corte caudas de cães, por considerar que essas práticas são uma mutilação do animal.

Retirada de unha dos gatos também foi proibida pelo conselho. Segundo a entidade, esses procedimentos não trazem nenhum benefício aos animais. 

Muitos donos acreditam que seus cachorros ficam mais bonitos de rabo empinado ou quase sem orelha. A mudança no visual só é possível, na maioria dos casos, após uma cirurgia nos animais. 

A prática é muito comum em cachorros treinados para o combate, como as raças pit bull e rottweiler, mas veterinários dizem que a operação é perigosa. “Não existe necessidade de expor o animal a um risco anestésico ou de pegar uma infecção durante a cirurgia. É um risco desnecessário, que o animal não precisa correr”, argumenta o veterinário Gustavo Seixas. 

O Conselho Federal de Medicina Veterinária proibiu duas práticas muito comuns no Brasil: a conchectomia, que é o corte da orelha do cachorro, e a onicectomia, que é a retirada da unha do gato. 

Segundo o conselho, a decisão foi tomada porque é preciso estabelecer uma convivência de respeito mútuo entre o animal e seu dono, e as cirurgias não trazem nenhum benefício aos bichos. 

A proibição pretende estimular os donos a conhecer os animais como eles realmente são e evitar as mutilações.

FONTE: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL357957-5598,00.html

O corte da cauda e orelhas dos cães já era praticado antes mesmo das raças serem organizadas em clubes e possuírem um padrão oficial. 

As justificativas para se realizar essas amputações eram: minimizar lesões e machucados em animais utilizados na caça (bracos, terriers, weimaraner, etc.), pois ferimentos nesse local podem causar sangramento intenso, ou conferir aspecto "compacto' a algumas raças de trabalho (rottweilers, dobermans e boxers).

Hoje, o corte de cauda e orelhas tem motivo estético apenas, e não está ligado à funcionalidade do cão. 

Muitos países já aboliram a prática de cirurgias com intuito meramente estético. Em 19 de março de 2008, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (Brasil), proibiu os veterinários de realizarem o corte de orelha ou cordas vocais de cães para evitar que latam, assim como a amputação das garras dos gatos para que eles não "destruam os móveis". 

A resolução diz: "Ficam proibidas as cirurgias consideradas desnecessárias ou que possam impedir a capacidade de expressão do comportamento natural da espécie, sendo permitidas apenas as cirurgias que atendam as indicações clínicas". A cirurgia de corte de cauda foi desaconselhada, mas não proibida. 

A cauda é uma 'extensão' da coluna vertebral e é formada por várias vértebras pequenas. Apresenta inúmeras terminações nervosas, por isso é uma parte bastante sensível do corpo do animal. O padrão para o corte de cauda depende da raça, podendo ser bem curto ou amputado parcialmente. 




Já há muitos anos, a caudotomia passou a ser proibida na Europa. Considerada uma cirurgia cruel para os animais, existem países que chegam a proibir a entrada de cães com cauda amputada em seu território.

A caudotomia é feita por volta de 3 dias de idade no filhote. Embora o padrão de muitas raças recomende o corte, ela não é obrigatória, podendo um cão com cauda íntegra ter pedigree e participar de exposições.

Mas, afinal, para que serve a cauda do cão? Ela é um importante meio de comunicação entre os animais, além de ajudar no equilíbrio. Através da posição da cauda, os cães demonstram suas intenções. Cauda abaixada pode significar submissão ou medo. Cauda alta abanando de um lado para outro significa alegria, mas pode ter o sentido de agressividade ou dominância se o movimento for apenas leve. Através da cauda, o cachorro consegue expressar-se.

Alguns proprietários já começam a optar por não fazer a caudotomia em seus animais, reservando um filhote antecipadamente com o criador, e solicitando que o rabo não seja cortado. Há pessoas que, quando compram seu cão com o rabo curto, acham até que "ele já nasceu assim", mas são raros os casos de animais que nascem com a cauda bem curta ou ausência dela. 

É preciso analisar a real necessidade de amputar-se uma parte do corpo de um animal. O motivo estético é questionável. Muitos cães parecem ficar mais bonitos com a cauda inteira, embora a beleza seja algo muito subjetivo para ser analisado. Trata-se de uma questão de mero costume, pois estamos habituados a ver muitas raças com o rabo curto. Os mesmo animais, de cauda longa, podem nos causar estranheza, inicialmente. 

Existem casos onde há necessidade de amputação, quando o animal morde insistentemente a ponta do rabo, fere com frequência a extremidade ao bater em objetos, causando sangramento importante, tumores, etc.. 

Devemos considerar o bem-estar do animal antes da estética, e o direito que os cães têm de poderem expressar-se e comunicar-se naturalmente conosco e com a sua própria espécie.

Silvia C. Parisi
médica veterinária - (CRMV SP 5532)

FONTE: Web Animal

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